segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Em modo: ESPERA/ESPERANÇA


Chegamos ao fim de setembro e a espera continua.
Todos os dias me pergunto "Será hoje? Será que hoje vão aparecer novos horários?", varia a forma como me questiono, mas o conteúdo mantêm-se. Infelizmente não sei responder a mim mesma e também não sei se algum dos comuns mortais o sabe. 
Depois ainda existem os nossos antigos alunos, os vizinhos, os amigos, a família, que também nos fazem as mesmas perguntas e outras (neste caso o conteúdo varia um pouco mais), podemos dividi-los em dois grupos: os que acham que já estamos a trabalhar: "Então este ano está em que escola? O horário é bom?" ao que nós respondemos "Ainda estou à espera de colocação" e depois vem "Mas está para breve, não?" e nós "Pois talvez, tenho essa esperança"; ou os que já sabem que estamos desempregados: "Ainda nada filha?" pergunta a minha mãe, "Já saiu alguma coisa amiga?" perguntam os meus amigos, ou então ligam e dizem "Ouvi qualquer coisa hoje na televisão, acho que já saiu alguma coisa, vai lá ver o site!", também temos os que acompanham os nossos casos via facebook "Alguém partilhou uma lista, vê lá se não é para ti." e continuamos sem respostas concretas para dar e lá vamos respondendo "Ainda estou à espera.", "Tenho a esperança que esta semana vão aparecer ofertas".
Em todos estes casos respondemos sempre a mesma coisa (pelo menos eu) em espera ou com esperança. 

Mas existe uma diferença entre ESPERAR e ter ESPERANÇA.

ESPERAR: esperamos alguma coisa que à partida sabemos que vai acontecer, esperamos algo certo. 
                    - Esperamos 9 meses por um filho;
                    - Esperamos na estação pelo comboio, no aeroporto pelo avião;
                    - Esperamos pelo Natal, Carnaval, Férias.

ESPERANÇA: ter a expectativa, ter confiança que algo possa vir a acontecer, confiar num futuro. Não há certeza de que o certo possa vir a acontecer.
                    - Tenho esperança que um dia haja paz no mundo;
                    - Tenho a esperança de que vou morrer velhinha rodeada da minha família;
                    - Tenho esperança que este inverno não fará muito frio.

Deverei eu responder "Ainda não sei de nada, mas estou à espera de ficar colocada." ou "Não, ainda não sei nada, mas tenho a esperança de ficar." ??????  Qual será a resposta mais correta???????

Eu prefiro a segunda, ESPERANÇA

Para nós cristãos esperança é muito mais. Podemos mesmo escrever Esperança com a E (maiúsculo). A nossa espera vai além do saber que vai acontecer, a nossa crença permite-nos sentir que tudo vai acontecer pelo melhor. A nossa confiança em Deus, o exemplo de Job, o exemplo de Jesus, de Maria, de José, dão-nos um alento distinto de todos aqueles que não crêem.
Eu sei que quando ficar colocada, ficarei na melhor escola, no melhor horário, com os melhores colegas e os melhores alunos, se calhar não será ao pé de casa, se calhar não será um horário completo, se calhar não vou ter colegas muito simpáticos e os meus alunos até nem me irão facilitar a vida, mas eu sei que foi ali que Deus me enviou em missão, por isso será o melhor, por isso marcarei a diferença e aceitarei e porque tenho Esperança, sei que tudo vai correr bem. 

Porque a minha Esperança me dá a coragem de suportar todas as adversidades. 
                 "Na posse de uma tal esperança, procedemos com total desassombro.
                                                                                                                      2 Cor 3, 12

Porque a minha Esperança é o meu motor, é aquilo que me move em tempos como estes, mas também em tempos felizes. 
                 "Que o Deus da esperança vos encha de toda a alegria e paz na fé, para que transbordeis de esperança pela força do Espírito Santo."
                                                                                                                      Rom 15, 13

Porque a minha Esperança mostra aos outros o que é ser cristão.
                 "Porque estás triste, minha alma, e te perturbas?
                     Confia em Deus: ainda o hei-de louvar.
                       Ele é o meu Deus e o meu salvador"
                                                                           Sl 42, 12


sexta-feira, 26 de setembro de 2014

God's not dead!


Um filme que retrata a jornada de um jovem cristão para provar, perante o seu professor de filosofia, a existência de Deus.
Vejo neste filme uma oportunidade de mostrar aos nossos próprios alunos que não precisam ter medo de afirmar a sua fé perante os outros. Esta é uma dificuldade que muitos dos nossos alunos de secundário têm afirmar a existência de Deus, por medo de caírem no ridículo, por imaturidade, porque têm poucos argumentos...  
Muitas vezes, até nós mesmo, preferimos ficar calados perante ameaças ás nossas crenças, porque achamos que não vale a pena, porque estamos firmes na nossa fé e ignoramos as afirmações de quem não a tem, porque à semelhança dos nossos alunos tememos cair no ridículo e que os nossos argumentos de nada servem para quem afirma que "Deus está morto"! 

Aqui vos deixo um exemplo de coragem, de quem luta para provar aquilo em que Crê.





FICHA TÉCNICA


Titulo original: God's is dead
De: Harold Cronk
Género: Drama
Ano de lançamento: 2014
País de origem: EUA
Duração: 120 min

sábado, 20 de setembro de 2014

Quantas horas tem a tua escola????


Esta é a pergunta clássica que todos os professores de EMRC fazem!  


EMRC não é uma disciplina IGUAL às outras!! Os alunos têm o poder de decisão, são eles que escolhem se a querem frequentar ou não. Posto isto, pergunto muitas vezes a mim própria “De quem depende o numero de horas de EMRC numa escola?”


Um ponto é certo, depende sempre do número total de alunos inscritos nessa escola. Numa escola com poucas turmas o professor de EMRC dificilmente poderá ter horário completo. Também não podemos esquecer os colégios católicos, onde os alunos têm a disciplina como curricular e por vezes até a têm duas vezes por semana. 
Mas e o resto? Em determinados assuntos posso dizer que penso de uma forma radical. Os horários da disciplina de EMRC dependem em 80% do trabalho do professor. Somos nós, professores de EMRC, que temos de lutar pelos nossos horários e neste momento pelo futuro da disciplina. Se cada um na sua escola não for o melhor, se não for de encontro aos alunos e às suas necessidades, então. meus amigos, muitos mais horários irão desaparecer no próximo ano letivo. São muitos os que se queixam, por estes dias, que ficou na “sua escola” um professor que tem andado a saltar de escola em escola, a perder horas de ano para ano…. É triste ouvir este desabafo... Não somos todos professores da mesma disciplina? Não estamos todos a lutar pelo mesmo? 
Quantas vezes ouço colegas reclamarem das direções dos seus agrupamentos, porque umas fazem turmas de EMRC de 10 alunos e outras fazem de 30 alunos “empacotando” todos os inscritos na disciplina nesse ano letivo. Não lhes tiro a razão por completo, até porque eu mesma dei aulas a 32 alunos numa sala (todos os alunos do 7º ano juntos). Pensemos: Se nós ou o nosso colega no ano anterior tivéssemos realizado um excelente trabalho, se tivéssemos efetuado uma campanha de matrículas à altura da disciplina, não teríamos as turmas cheias de alunos matriculados? Seria muito difícil juntar as turmas todas numa hora de EMRC. Devem estar a pensar: mas, existem escolas e escolas…. É verdade, não deixam de existir escolas e escolas, mas por isso disse no início, que as horas dependem 80% do trabalho do professor. Quando comecei a dar aulas de EMRC, tinha um pequeno horário de 7 tempos num Agrupamento; no ano seguinte o mesmo horário passou a ter 12 tempos e no terceiro ano passou a horário completo (foi nesta escola que tive 32 alunos dentro de uma sala). Todos os colegas que por lá tinham passado disseram-me que seria muito difícil conseguir mais horas, mas eu tentei, lutei, fiz das aulas de EMRC as melhores dos horários dos alunos, tratei todos os alunos do agrupamento com o mesmo respeito (o que tinham EMRC e os que não tinham), fui professora, fui conselheira, fui amiga de cada criança/adolescente, joguei ping-pong com eles na sala de convívio, almocei nas mesmas mesas da cantina que eles, defendi-os sempre perante todos, fui com eles ao cinema numa sexta-feira à noite… Em cada época de matrículas criei campanhas dignas de umas eleições. Tudo isto num agrupamento difícil, tudo isto sem fazer uma única visita de estudo, tudo isto sem alterar matrículas!
 Os horários dependem de quem dá a disciplina. Cada um de vós que está a ler este texto, se deve recordar do melhor professor/a que teve, da disciplina que ele/a lecionava e ao mesmo tempo deve lembrar-se que sempre odiou a disciplina Y por causa do professor X! Cada turma/aluno tem características diferentes, não podemos aplicar a todos a mesma forma de ensinar e de falar; por vezes, o que funciona com uns não funciona com outros. Exceto ... O AMOR. Educar com amor é o meu lema. A cada aula que preparo, a cada atividade, a cada palavra que dirijo aos meus alunos, aplico este lema. Vale mais a pedagogia do Amor que mil praticas educativas. 


Um dia um colega disse-me: “Por vezes mais vale perdermos quatro aulas para conquistar uma turma do que tentar  cumprir um programa inteiro sem ter alunos interessados!"
 Neste ano que se inicia com tanta tormenta, peço que pensem nisto que escrevo. Zelem pelas horas das escolas onde estão. Sejam os melhores. Sejam criativos. Sejam amigos dos vossos alunos. Sejam Cristo nas vossas escolas e no próximo ano letivo os horários de EMRC serão, certamente, mais e maiores.


Hoje sou eu que vos digo: CORAGEM, AUDÁCIA E DIFERENÇA... 


É tudo o que precisamos, Deus está connosco; agora nós temos de fazer a nossa parte.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Indignada com tudo isto...

Não é com a alegria do costume que escrevo este post...
Infelizmente, à semelhança de muitos outros professores, encontro-me desempregada (e por isso o blog tem estado parado). Encontro-me triste com toda esta situação que, para nós é nova, mas que para muitos outros professores é típica e, frequentemente, usual nesta altura do ano. Existem coisas que não compreendo: não compreendo os concursos, não compreendo a lei que nos coloca (despacho nº 6809/2014, de 23 de maio: Habilitações), não compreendo os professores de EMRC que não se preocupam com o facto de não poderem trabalhar daqui a dois anos.
Sou engenheira civil. Foi essa a carreira que escolhi e, para a qual estudei durante cinco anos; trabalhei quatro anos nesta área, fui feliz, muito feliz e gostava imenso do que fazia. No entanto, a crise económica que o nosso país atravessa levou-me para o desemprego há alguns anos atrás. O prazer de viver no meu país levou-me a ficar por cá e a não procurar (como muitos outros) trabalho no estrangeiro. Posso dizer que foi EMRC que me escolheu. É isso que sinto. Quando me convidaram para dar aulas, aceitei! Amo de todo o coração o que faço e a minha missão (tal como a de qualquer outro professor de EMRC) é evangelizar as escolas. Como tal não o posso fazer com qualidade possuindo apenas uma licenciatura em engenharia civil, da mesma forma que um enfermeiro não pode fazer o trabalho do cirurgião e uma assistente social não pode fazer o trabalho de um contabilista.... Mas, então, porque é qualquer um pode ser professor de EMRC? e, principalmente, porque que é que todos os que o são, não se preocupam em se formarem devidamente para exercerem a profissão na área???????????!!!!!!!!!!!!!
Eu preocupei-me!
Não vou dizer que é fácil, porque não o é. Moro no Algarve e todas as terças-feiras rumo a Lisboa, à Universidade Católica e só regresso na quarta-feira. Frequento o 3º ano do Curso de Ciências Religiosas e no primeiro ano do curso o ordenado mal chegava para as despesas. O cansaço é muito, o regresso aos estudos foi difícil (ainda por cima numa área completamente distinta da minha formação inicial - fiz um curso com máquina de calcular na mão e agora faço um curso com uma bíblia, um concilio e um sem fim de livros teológicos na mão, a minha visão a cada semestre que passa vai se deteriorando (neste momento posso dizer que a minha graduação já chegou às cinco dioptrias), entre muitas outras dificuldades.... Mas não me arrependo de nada, não me arrependo do que aprendi, do que ouvi e da partilha que dei. Hoje sou melhor professora, sou uma católica com mais conhecimentos, e estes conhecimentos não estão apenas ao dispor da escola e dos alunos, mas também ao dispor da minha paróquia/comunidade, pois sinto-me melhor catequista, melhor leitora, melhor ministra extraordinária da comunhão.... Foi com espanto que percebi na terça-feira que o numero de professores matriculados na licenciatura em Ciências Religiosas, na UCP, era ainda menor que nos anos anteriores. Questiunei-me sobre muitas coisas: O que se passa com os professores não profissionalizados? Qual será o futuro da disciplina? 
Hoje estou sem trabalho... Não sei para que escola concorrer, que horário escolher. Existem dias que tenho vontade de chorar, de deixar tudo, de apanhar um avião para qualquer parte do mundo. Nestes momentos revela-se dentro de mim a força da minha fé. Ser cristão é ser esperança. Ser cristão é acreditar que Deus está ao nosso lado sempre. Ser cristão é fazer a nossa parte sempre confiando em Deus. Ser cristão é muito mais, é ser alegre, forte, corajoso, etc. EU SOU DE CRISTO. EU CONFIO. EU REZO. EU PEÇO A DEUS o mesmo que o salmista pede: "Tu és o meu rochedo e a minha fortaleza; por amor do teu nome, guia-me e conduz-me" Sl 31, 4

Obrigada